sábado, 21 de junho de 2008

sonar 21 junio (continuacao)

M.I.A., uma forte presenca no festival que perdeu as botas em algum lugar longe daqui.


Se os organizadores reclamaram que na sexta deu 60% da lotacao, no sabado deve ter dado 40%. Talvez pela pouca forca do line up, talvez pelo preco de 52 euros. Mas ainda sim era bastante gente.

Cheguei as 23:30 e ainda peguei o pedaco do show do Yazoo... sim, aquele grupo dos 80 que canta situation. Chato demais. E o line up da maior pista, a club (so pra ter uma ideia, um galpao de uns 100 metros quadrados, com nada menos que 10 teloes) deu varias mancadas pelo resto da noite, como Rings of Saturn (US), que em pleno horario de pico (3 a.m.) parou a pista com seu som ambiente super-viajandao com projecoes de fotos do espaco. Logo depois o ingles Clark fez um "live" de techno  com duas MPCs, mas o resultado final ficou pior do que usar dois cds players, e nao agradou o publico. As 5 da manha o top DJ espanhol Oscar Mulero teve que ressucitar a pista com um techno detroit caretao (no sentido tradicional). Os fritos gostaram, mas eh inevitavel a sensacao de que o techno, assim como o house e o psy (que nao rolou no sonar, pois eh considerado musica eletronica de adolescente por aqui) nao mudaram nada nos ultimos 10 anos.

Falando em idade, observei melhor e vi que a faixa etaria mais forte do Sonar foi entre 25 e 35 anos. Isso deve abaixar ano que vem, ja que o festival esta a cada ano mais pop.

miss kittin apenas ronronando

Todo mundo so falava na francesa, e quando estava pra comecar so se via um rio de gente indo pro sonar pub ( a segunda maior pista, esta ao ar livre. As outras foram park e lab), deixando as outras sensivelmente desfalcadas. O anunciado "live" da moca se resumia a ela mixando as bases de suas proprias musicas (techno e eletro bem produzidos, mas com nada de surpreendente) e com um microfone na mao cantando suas letras pop, como "kittin is high", atras dos Cd players. Deu uma sensacao de enganacao, e deu saudade da heroica Peaches, aquela sim sabe segurar um show sozinha sem deixar a peteca cair.

M.I.A. miou.

Enquanto isso Buraka som sistema fez DJ set e agradou, levou a pista de umas 50 pessoas para umas 500, no final do set. Depois de aprender mais passos de danca tipicos deles, pra minha surpresa fui me apresentar pro Lil' John dizendo que eu era o "Lucio do Brasil" e ele falou "Lucio Kappa??" rsss... Trocamos CDs e combinamos outras coisas. A M.I.A., que se apresentaria depois, faltou, e o curitibano Bonde do Role a substituiu, sendo os unicos representantes brasileiros do festival, em uma apresentacao constrangedora. Eles tinham que fazer eh o "melo da cara de pau" de tentar ganhar dinheiro gigolozando o estereotipo de "brasileiro eh so putaria". Um gringo do meu lado perguntou sarcasticamente, enquanto dois deles simulavam uma posicao sexual no palco "no Brasil todo mundo eh assim?" e eu respondi no meu portunhol:"si, todo el mundo, toda la hora!!" rsss... As bases do BDR sao simplorias, sempre sampleando riffs manjados (e datados) de pop e rock + batidas do funk carioca, como o Edu K ja faz ha muito tempo. Os 4 integrantes gritavam (e pra piorar, as vozes estavam 5 vezes mais altas que as bases, ate parecia que o operador de mesa queria boicotar a apresentacao) letras sexuais ultra-apelativas, sem o menor conteudo (nem sequer ha duplo sentido!) ou originalidade. Me fez ter saudade de quando eu tocava com o Funk Fuckers, isso sim!

e a mistura ta chegando...

Foi surpreendente o festejado Girl Talk nao ter sido escalado para o festival, afinal atualmente ele realmente eh um dos expoentes maximos em termos de discotecagem, apesar de afirmar mil vezes que "nao eh DJ". Mas o mash up nao fez feio: a maior surpresa da noite foi o nova-iorquino A-Trak que aos poucos conquistou o publico e promoveu uma catarse coletiva. Primeiro porque ele faz suas proprias versoes, seus bootlegs de musicas club/dance, surpreendendo a todos (viva a liberdade digital, nada disso seria possivel usando vinis). Segundo porque ele tem uma tecnica perfeita misturando efeitos digitais (muitos e bem usados, sem cansar) e turntabilism,  tudo com serato (alias, so vi 2 djs no festival usando vinil), terceiro porque ele promove a mistura, um set que varia de estilo e bpm, contando uma historia cheia de referencias de musica pop, hip hop e club music. O futuro ta nas misturas, so falta os curadores do Sonar se ligarem nisso pra que a proxima edicao seja ainda mais interessante.

Um comentário:

Anônimo disse...

você não gostaria de publicar seus posts sobre o sónar no grito não?! acho um absurdo ficar só no seu blog.